Para comprar MTV, Igreja Mundial pede para fiéis fingirem doença
[Texto publicado originalmente às 6h
de 28/10/2013]
Em carta encontrada em uma sala do templo da Avenida João Dias, na zona
sul de São Paulo, a Igreja Mundial do Poder de Deus pede a fiéis para se
"passarem por enfermos curados, ex-drogados e aleijados" e assim
"conseguir convencer mais pessoas a contribuírem financeiramente para a
aquisição do canal 32".
O canal 32 é uma concessão do Grupo Abril, usada até 30 de setembro para
transmitir a programação da MTV Brasil em sinal aberto. Estaria à venda por R$
500 milhões.
A carta, reproduzida abaixo, chama a atenção pelo
"pragmatismo". Os interessados não precisam comprovar que tiveram
alguma doença. Necessitam apenas ter disponibilidade para viajar "para dar
seu testemunho de consagração e vitória". Recompensa-se o esforço com
"uma ajuda de custo".
A carta tem um espaço em branco para o preenchimento do nome do bispo
local, mas diz que se trata de um "pedido feito diretamente pelo apóstolo
Valdemiro Santiago a todos os seus fiéis". Pede-se a destruição da carta
após sua leitura.
A carta obtida pelo Notícias da TV é uma impressão
simples, embora colorida. Havia algumas dezenas delas na sala em que foram
encontradas.
A Igreja Mundial do Poder de Deus passa por grave crise financeira.
Devendo entre R$ 13 milhões e R$ 21 milhões para o Grupo Bandeirantes, perdeu a
locação de 23 horas diárias da Rede 21 e de três horas diárias nas madrugadas
da Band. O espaço será ocupado justamente por sua principal rival, a Igreja
Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo.
Ontem, em culto transmitido pela TV, o apóstolo Santiago praticamente
se despediu da Rede 21 e convocou seus fiéis da Grande São Paulo a segui-lo
pelo canal 25, de cobertura muito fraca.
A igreja vem fazendo intensa campanha para viabilizar seu projeto de
televisão. Pede "ofertas de R$ 100,00" durante a transmissão de
cultos.
O Notícias da TV tentou durante duas
semanas uma entrevista com alguma autoridade da Igreja Mundial. Na semana
passada, a igreja se limitou a informar que o bispo Jorge Pinheiro, segundo na
hierarquia interna, declarou que "a informação não procede".


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